Toyota Corolla XRS é um vovô de óculos platinado

Toyota Corolla XRS é um vovô de óculos platinado

Quando os 50 anos batem na porta, a aparência vira a maior preocupação. Com o Corolla não é diferente. Embora tenha abusado de cremes rejuvenescedores na atual geração, o sedã não ficou satisfeito e decidiu ousar ainda mais no visual. Os spoilers dianteiros, saias laterais, aerofólio traseiro e difusor com acabamento que imita fibra de carbono da versão XRS correspondem a algo como óculos platinados, coque samurai e braço repleto de tatuagens.

O tratamento estético custou R$ 9.000. É esse o investimento extra necessário para levar a versão “esportiva” em detrimento da intermediária XEi. No final das contas, são pesados R$ 108.990.

Mas as mudanças estéticas não significam novas atitudes. O conservadorismo é a tônica do powertrain. A emoção passa longe do motor 2.0 bicombustível de 143/154 cv a 5.800 rpm com gasolina e etanol, respectivamente. Ele é gerenciado sempre por uma tocada linear da transmissão CVT que simula sete velocidades.

A Toyota já oferta também o Corolla 2018 com isenção fiscal. A versão GLi manual parte de R$ 69.690 e a automática de R$ 69.990.

Existem elementos que significariam temperamento mais radical como as aletas para gerenciamento manual do câmbio e o botão Sport para esticar o intervalo de escalonamento. No entanto, o sistema é prudente e corta o barato da diversão. Basta uma pequena esticada para que a troca de marcha seja feita automaticamente.

A única mudança no trem de força está localizada na suspensão. O perfil continua McPherson na parte frontal e eixo de torção na extremidade traseira, mas o conjunto de amortecedores foi recalibrado e o ajuste está 5 milímetros mais alto. Tais otimizações não surtem efeitos práticos e o Corolla mantém um aspecto firme e extremamente confortável. Foram realizadas a título de abrigar um conjunto de rodas maior, de 17 polegadas e diamantadas, no caso da configuração XRS.

Se o motorista não sente mudanças práticas, obtém ganhos de status. O Toyota Corolla XRS é bastante notado. É verdade que a atenção seja despertada por conta das demais novidades estéticas da linha 2018, como grade, faróis, para-choques e lanternas, mas o produto final ficou mais atraente.

Provavelmente deve estar passando pela sua cabeça que um sedã esportivo de verdade é um Honda Civic Si e seu propulsor aspirado gostoso de ouvir ou o quase sempre esquecido Renault Fluence GT. E você está correto. Mas o público-alvo cativo de um sedã médio, com seus 45 a 60 anos, não está disposto a elementos divertidos, porém, desconfortáveis como câmbio manual e suspensão durinha.

Esqueça o turbão

Mas se você ficou com esperança de que a Toyota pudesse oferecer pelo menos um motor turboalimentado, pode ficar frustrado. A marca já deixou claro que isso não está nos planos.

Entretanto, é preciso dizer que o 2.0 aspirado não deixa a desejar perante a concorrência. Embora não tenha o ímpeto dos turbinados, é ligeiro e não deixa o motorista em apuros.

A mesma consideração vale no quesito eficiência energética. O propulsor rende 10,6 km/l e 7,2 km/l na cidade e 12,6 km/l e 8,8 km/l na estrada, na ordem gasolina e etanol. Os números não são impressionantes, mas rendem nota ‘A’ no Programa Brasileiro de Etiquetagem do Inmetro.

Por outro lado, se a Toyota promoveu com sucesso o rejuvenescimento externo do Corolla, o mesmo não pode ser dito em termos de entretenimento. A central multimídia é nova, mas ainda antiquada. Não oferecer Android Auto e Apple CarPlay é aceitável, até porque o sistema pode compensar estas ausências com comando de voz, tela intuitiva e de visual agradável. Mas a central em questão, com display de 7 polegadas apresenta um delay nos comandos, tem visual quase monocromático e parece até aqueles dispositivos de aftermarket – nem a TV digital e a compatibilidade com DVD salvam.

O melhor atributo dela é ter um design que encaixa bem no console, no caso da versão XRS, todo preto. Aliás, o interior carrega uma diversidade de materiais sempre bem encaixados, mas a qualidade deles ao toque não é das melhores.

Mas o maior problema interno são as rugas que evidenciam a idade. Falamos da manopla do câmbio que parou nos anos 1990 e do reloginho digital que não sai dos modelos da Toyota nem com reza brava.

Mas isso não é nada para quem não liga muito para predicados secundários e importa-se mesmo com o que interessa. A carroceria de 4,62 metros garante 2,70 m de entre-eixos bem distribuídos para oferecer vasto espaço para os ocupantes e um porta-malas de 470 litros apto para abrigar tudo quanto é tralha.

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